O bloqueio do Canal de Suez pelo navio Ever Given, que encalhou nesta semana no Egito, pode afetar países em todo o mundo. Além das mercadorias no próprio navio — que podem somar 1 bilhão de dólares —, quanto mais tempo a embarcação ficar parada, maiores serão os efeitos na cadeia de suprimentos.
Cerca de 12% da economia do mundo consiste em mercadorias que passam pelo Canal de Suez. O estreito liga o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho, funcionando como um atalho entre a Europa e a Ásia.
Só esses dois continentes representam 63% do produto interno bruto do mundo, segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional para 2021.
Mesmo quando o comércio não se faz diretamente entre europeus e asiáticos, o canal também é rota intermediária para uma série de outros destinos, como produtos vindos da América do Norte para países da Ásia e petróleo exportado do Golfo Pérsico para todo o mundo.
Depois que o Ever Given for retirado (o que pode levar dias ou até semanas), os estragos ainda durarão por dias, devido ao congestionamento causado nos portos enquanto o fluxo estava paralisado.
Os impactos podem chegar até mesmo a países que estão muito longe do Mar Mediterrâneo, como o Brasil. Um dos exemplos mais notórios é o petróleo, que passa em abundância por Suez vindo dos países do Golfo Pérsico.
Os problemas no canal devem prejudicar o escoamento do produto, podendo fazer os preços subirem no mercado internacional, o que levaria a Petrobras a ajustar os valores também no mercado interno.
Na prática, muita coisa pode ser afetada — até o cafezinho ou o estoque de papel higiênico. A prova de que, das grandes civilizações antigas ao Egito contemporâneo, a localização estratégica e importância econômica seguem fazendo do Canal de Suez um dos trechos de água mais relevantes do mundo.