Um levantamento baseado no cruzamento de dados oficiais do governo federal aponta que ao menos 26 mil pessoas podem ter recebido doses vencidas da vacina AstraZeneca contra a Covid-19. O trabalho dos pesquisadores da Unicamp e da Unifesp foi divulgado nesta sexta-feira (02).
Os dados levantados, indicam que o problema ocorreu com doses de oito lotes da vacina.
Prefeituras que foram citadas negam o problema e atribuem o achado do levantamento a falhas na inclusão de dados no Sistema Único de Saúde (SUS), que recebeu anotações com atraso de até dois meses. Ao menos uma cidade (Alagoa Grande – PB) admitiu ter aplicado 72 doses vencidas.
Em nota conjunta, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) dizem que todos os casos serão investigados e “não está descartado erro do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, que desde o início da Campanha de Vacinação apresenta instabilidade no registro dos dados”.
Em Macaé, a Prefeitura esclareceu que as doses da vacina AstraZeneca vencidas, não foram utilizadas no município. Os imunizantes com a validade expirada são de oito lotes importados ou adquiridos pelo consórcio. Todas as doses vencidas teriam sido usadas na primeira aplicação, na Casa da Vacina, e pertencem ao lote 4120Z005, com validade em 14 de abril.
A Secretaria Municipal de Saúde disse que o vencimento do lote, previsto para abril, foi entregue em uma remessa do Governo Estadual em 25 de janeiro e foi utilizada na campanha de vacinação até fevereiro. Ainda conforme a pasta, a Gerência em Vigilância e Saúde assegura que “o controle de verificação das datas, refrigeração, armazenagem e manipulação de todas as vacinas que compõem o Calendário de Imunização do município é realizado de forma rigorosa, com base em critérios definidos pelo Ministério da Saúde”.
O Ministério da Saúde informou que todas as doses são enviadas dentro do prazo e que, caso aplicações fora do período ocorram, é preciso passar por uma nova aplicação “respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses”.